” O Estádio do Maracanã foi inaugurado em 1950 e foi considerado o maior Estádio do mundo, por esse motivo foi também escolhido para sediar a Copa daquele ano. Como eu era uma jovem de 16 anos, fiquei louca para assistir os jogos que seriam realizados ali. Resolvi com um grupo de amigas e meus irmãos que assistiríamos todos os jogos do Brasil realizados naquele Estádio.
Assim fizemos e cada jogo íamos em grupo para torcer pelo nossa seleção que estava ganhando todas. Foi a maior alegria quando o Brasil ficou para a semifinal e depois para a final. No dia do Último jogo que era Brasil e Uruguai o Brasil podia empatar que seria o Campeão do Mundo. Nós combinamos, então de irmos uniformizados com as cores verde e amarelo para dar força aos nossos jogadores e assim levantarmos a Taça Jules Rimet. O jogo seria às 17 horas, mas como, provavelmente o Estádio ficaria lotado, preparamos lanche para todos e fomos às 9 horas da manhã para pegarmos bons lugares nas arquibancadas e assistirmos o jogo com uma visão privilegiada.
Ao chegarmos ao Estádio a entrada era uma verdadeira festa. Bandeiras para todos os lados e na entrada já havia muitos carros alegóricos com as faixas de “É Campeão” “Viva o Brasil Campeão” e muitas outras. Havia também inúmeros batuques que animavam todos os torcedores que ali chegavam. Era uma verdadeira festa.
As horas passavam e o Estádio ia enchendo que não cabia mais ninguém. Naquele dia o número de torcedores foi de 200.000 pessoas. O Estádio estava lindo! Bem, chegou a hora do jogo. Nossos corações pareciam explodir no peito tamanha era a emoção. Ouviram-se os dois hinos e o jogo começou. Tudo correndo muito bem quando o Brasil fez o primeiro gol. Foi uma verdadeira apoteose, parecia que todos os foguetes do mundo estavam ali. O jogo continuou de repente um gol do Uruguai. Foi um oh! De espanto, mas vamos continuar o Brasil ainda poderia ser campeão com o empate. Já terminando o jogo acontece um “córner” contra o Brasil e um jogador chuta a bola que vai para os pés de Gigia que segura a bola com os pés e chuta.
O Estádio em peso faz silencio e morde as unhas, pois depois disto o juiz apitará o fim do jogo. O apito soa para o chute e qual é a surpresa de todos que assistem ao jogo, no Estádio e pelo rádio (não tinha TV.) a bola entra e Barbosa, o goleiro, não pega e o Uruguai faz o Gol. O que vi é indescritível! A decepção, a tristeza, o desalento toma conta de todos que ali estão. Ainda pude ver a alegria dos jogadores uruguaios, mas o que mais me impressionou foi o silencio sepulcral que tomou conta daquele Estádio.
Ao sairmos só ouvíamos o barulho do arrastar de pés e quase todos chorando. Foi triste. Não havia mais nenhum carro alegórico e nem faixa. O silencio era mortal. Voltei para casa decepcionada e nunca mais quis assistir a nenhuma Copa. Esta ficou na minha memória e jamais esquecerei “. Cleusa Guerreiro Hugueney cleusahugueney@yahoo.com.br