Na Alemanha desde 2017, bailarino uberlandense despontou em Festival de Dança do Triângulo
Igor Silva começou a participar de aulas de jazz e sapateado em escola municipal, antes de mostrar seu talento nos palcos do evento anos depois.
“Ser bailarino diz muito sobre amar o que faz. Tenho um caso de amor com a dança e isso faz qualquer frio, distância e idioma não serem empecilhos para seguir meu sonho e conquistar meu espaço”. Palavras ditas por Igor Renato Silva, enquanto recorria a uma bolsa de água quente nas costas para amenizar a dor adquirida depois de um de seus os ensaios na Alemanha. Sintoma normal para um dançarino profissional que, há pouco tempo, despontava no Festival de Dança do Triângulo.
Com uma rotina de oito horas de ensaios por dia, o uberlandense, de 27 anos, integra desde 2017 o grupo do Teatro de Ópera de Leipzig, cidade a aproximadamente 140 quilômetros da capital alemã Berlim, na região da Saxônia. Seu caminho até chegar ao local, no entanto, remete ao ano de 1999, no bairro Planalto, em Uberlândia.
Foi na Escola Municipal Professor Leôncio do Carmo Chaves que Igor, aos oito anos, iniciou estudos de jazz e sapateado num projeto da instituição. Ali, ele ouviu pela primeira vez a respeito do Festival de Dança do Triângulo. “Lembro que vi na televisão uma reportagem falando sobre o evento e o número de participantes que enchiam a cidade, vindos de muitos estados do Brasil, e que se alojavam em escolas”, contou
Garoto prodígio
Menos de cinco anos depois, Igor subiria pela primeira vez no palco do Festival de Dança (até então no Teatro Rondon Pacheco). “Nessa época, já estudava no Grupo Experimental do Núcleo de Estudos da Dança, projeto público dirigido por Elizabet Brito e Cesar Fernandes. Lembro que estava muito feliz em participar de algo tão grandioso. Nos anos seguintes, continuei participando e isso fazia com que tivesse a experiência de subir no palco, controlar o nervosismo e botar em prática tudo que tinha me esforçado”, relatou.
Quando completou 15 anos, em 2006, o garoto prodígio foi aprovado para estudar na Escola do Teatro Bolshoi do Brasil em Joinville (SC). Com o apoio do prefeito Odelmo Leão (2005-2012) e outras entidades, Igor se mudou para o sul, onde permaneceu por três anos e se formou em dança clássica e contemporânea. Ainda assim, seu destino se cruzaria novamente com o Festival de Dança do Triângulo.
Resgate às origens
Em 2011, já como integrante da Companhia Brasileira de Danças Clássicas, Igor desembarcou em Uberlândia para mais uma edição do festival, desta vez como bailarino convidado, na Arena Sabiazinho. “Foi uma das primeiras oportunidades após formado de voltar a minha cidade natal e mostrar aos meus amigos, familiares e ao público em geral o que tinha aprendido depois de tantos anos fora.
O festival também acompanhou minha evolução enquanto bailarino e me trouxe muitas experiências e oportunidades. Depois, ainda retornei em 2016 com uma coreografia contemporânea de Jomar Mesquita Mamilaphinatapai”, completou
Maratona de shows
Atualmente, o bailarino se prepara para uma apresentação em uma noite de gala em homenagem aos 15 anos do falecimento do diretor e coreógrafo alemão Uwe Sholtz. Sob linha neoclássica e contemporânea, o grupo realiza cerca de 60 espetáculos anuais. Apenas em 2018, serão mais quatro remontagens, três criações e sete repetições da última temporada, como “O Lago dos Cisnes” e “O Quebra Nozes”. Uma maratona que se soma a exaustão muscular e ao rigoroso inverno alemão, mas não que interfere na motivação do prodígio, revelado no Festival de Dança do Triângulo. “São coisas que, para um bailarino há tantos anos, já é normal. No final, tudo vale à pena”, disse.
A 26ª edição do Festival de Dança do Triângulo acontece entre os dias 15 e 21 de outubro, em diversos pontos de Uberlândia. Com o tema “Encontros: razão, emoção e cena”, o evento é uma realização da Prefeitura de Uberlândia, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.