ESTOU com FOME !
Estão aqui em mais um momento onde nesse turbilhão de fatos e fotos, neste redemoinho de emoções, nesta roda-viva de acontecimentos e o que fica mesmo é sua consciência, a honestidade de seu coração e mente consigo mesmo.
Nem parece que um ano acabou e outro novo começou e que já passamos da metade dele porque as pessoas são as mesmas.
Elas não mudam.
São como móveis de uma sala ou quarto que já conhecemos por nos deparar diariamente – sempre nos vemos e de vez em quando deitamos numa cama (mas nem sempre temos o sono esperado);
sentamos numa cadeira que nos recebe com seu assento e encosto mas nada de novo e diferente naquele sentar.
As pessoas são como móveis e suas óbvias funções já conhecidas.
Nas festas, nos bares, nas noites, no social-life, parece que todos já vão travestidos daquele personagem que é aceito socialmente
ninguém aparece com uma roupagem nova; com um dizer diferente; com um olhar 43 revisitado; com uma abordagem mais corajosa.
São um bando de andróides sociais e ai de você em se aventurar com algo inusitado, criativo, original – ou até mesmo corajoso.
Será a notícia da noite.
The talk of the town.
Você encontra gente bonita de estampa – mas está com o mesmo paetê da amiga que acha que ainda está na moda ou a mesma pólo ou boné adquirido em alguma viagem e quando chegam pra conversar nem precisam dizer nada porque você já sabe a frase a ser proferida – vazia, até sem nexo.
Meu Deus.
Estas pessoas móveis.
Rapazes-armários ou meninos-cômodas, meninas-mesas ou moças-cadeiras – estudantes ou profissionais liberais – estão juntos, em pares ou grupos mas na verdade estão todos sózinhos.
Estamos todos sós.
Um tantão de móveis cheios de utilidades inúteis que chegam sós ou acompanhados e vão embora sós ou acompanhados mas estão todos – em regra geral – todos verdadeiramente sózinhos consigo mesmos.
Ô pobres móveis imóveis.
Neste mundaréu de personal isso – personal aquilo, só nos faltava um (a) personal-fucker porque ninguém quer sentir nada, ninguém quer se mostrar, ninguém quer nada e outros tipos de personal que vc possa criar agora.
Então que sejamos todos uma turma de móveis-imóveis mas com a função “play” de personal alguma coisa.
Personal-amigo ? #Aff
Não existem mais sapos e príncipes – nem borralheiras e nem princesas.
Somos todos iguais a espera de alguma coisa mas quando essa alguma coisa aparece você se fecha em seu castelinho lúgubre repleto de mesmices.
Ai Jesus.
Machado de Assis nos contava da dificuldade que era para se lançar um olhar quando muito um aperto de mãos.
E esta ânsia, este momento era tão esperado que quando acontecia mais parecia um explodir de fogos de artifício.
Hoje em dia os fogos de artifício dão chabú – putz.
Ou então se solta o rojão no começo da festa e na hora em que chega o docinho ninguém mais quer – o bôlo então, bobagem.
Móveis-imóveis e carentes com performances ensaiadas, falas non-sense, celulares a tocar com frases….e centenas de digitais a fotografar.
Nem mesmo um olá, um boa-noite, um como vai você ? – se dá mais!
olho no olho ? Never
Lembro-me do quanto era bom roubar um beijo ou ser roubado em um.
Hoje roubam-se outras coisas.
Nos roubam a vontade de ser a gente mesmo.
Nos roubam a capacidade de sermos orginais.
Termos de ser todos móveis-imóveis e ainda iguais.
Ai, ai, ai se aparecer um móvel-imóvel que se destaca dos demais.
Nem mesmo máquinas somos como se esperava dos 2 mil anos.
Somos mesmo móveis-imóveis.
Óbvios.
Medrosos.
Com escudos nas mãos para nos proteger de alguma frase mais afoita ou de algum olhar arrebatador e sempre com frases-feitas agressivas, para já atacar e não ser atacado.
Acho que existe um desespero por não saber mais “sentir”.
Talvez vc vê uma lágrima caindo de um rosto mas é um botox mal aplicado que não deixa mais piscar.
Um furtivo sorriso que sai daquela boca mas é o incessante mascar de um babaloo.
Não se acha mais expressões.
Estão todos com mêdos.
Avessos à profundeza do sentir e apegados na superficialidade do ir e vir.
Estes móveis-imóveis são todos parecidos uns com os outros pois com o avanço dermatológico e com a qualidade de vida parecem que todos temos a mesma idade – que horror.
Isto é cafona.
Tenho certeza de que todo mundo quer pegar na mão, beijar na boca, ter alguém do seu lado – ah, mas isso é feio, é brega.
Bonito e chic é ficar metendo o pau em todo mundo, transar (e às vezes gozar), e criticar e criticar….
Gente do céu o que tem de errado em ficarmos babando colorido por estarmos simplesmente – felizes, apaixonados, amorosos.
Dalva de Oliveira já dizia e cantava que o amor é o ridículo da vida.
Ah então eu quero ser ridículo.
Ridículo ou frustrado – qual a sua opção ?
Às vezes me aventuro a expor minhas emoções mas elas são criticadas, rechaçadas.
Por ora puxo assunto com um estranho mas o sujeito finje que nem ouviu pois não pode sair daquele pedestal ou couraça que o protege de mim.
Precisamos parar de nos importar com o que os outros vão se importar.
Se todos se importassem menos com os olhares e pensamentos dos outros e apenas nos importássemos “apenas com os outros” – pura e simplesmente como eles são mesmo – talvez os outros se importassem conosco com as nossas importâncias realmente importantes.
Sacou ?
É easy gente.
Fácil, fácil.
Como num estalar de dedos.
Estou cansado de ser importante só pra mim.
Quero ser feliz e não frustrado.
Quero ser ridículo mas feliz.
Quero ser um babaca mas feliz.
Estou com fome de amor.
Fome de viver.
Fome de originalidade.
Hungry Bebê !
Hungry como um walking dead do Fundinho.
Carlos Hugueney Bisneto.